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exige negociações entre o relacional (identidade para o outro) e o biográfico (identidade para si)
(DUBAR, 1997).
Nesta perspectiva, o currículo da formação aponta elementos constituintes da identidade
profissional do professor, entretanto, ele não garante a identidade tal como fora proposta, pois esta não
se reduz a elaboração de identidade predefinidas. A identidade profissional proposta pelo currículo
para o professor em formação pode ser legitimada no meio em que circula através de socializações
diversas com professores formadores, interações cotidianas nas instituições formativas, num complexo
movimento entre as prescrições institucionais e as experiências profissionais e de vida de cada pessoa.
A esse respeito, Rocha e Aguiar (ANPEd, 2012), destacam dentre os contextos de influência
presentes na formação, a “influência exercida pelos docentes sobre os discentes em formação, no que
tange à construção da noção de identidade e profissionalidade docente” (p. 1). Isto implica em dizer
que durante a formação, os futuros professores aprendem o que é ser professor e como ser professor.
Isto ocorre porque durante este período os licenciandos visualizam como os docentes do ensino
superior agem diante das situações inusitadas na sala de aula, como estes lidam com o planejamento,
as dinâmicas didático-pedagógicas, a avaliação, ou até mesmo como se relacionam com os alunos.
No que se refere ao pensar sobre a influência das experiências profissionais e de vida de cada
pessoa na construção da identidade e profissionalidade de professores, podemos argumentar que, ao
adentrarem nos cursos de licenciatura, os professores em formação possuem saberes pré-profissionais
adquiridos através das suas aprendizagens sociais individuais, seja na escola como alunos, ou até
mesmo de sua educação familiar, conforme assinala Tardif (2000). O que demonstra a complexidade
da tessitura da identidade e profissionalidade de professores, na qual o sujeito faz parte de uma
construção, não sendo unicamente determinado pelas prescrições e interesses do currículo.
Isto implica em um processo no qual o professor em formação é pessoa ativa na construção e
constituição de sua identidade, a qual, a partir de seus atributos constituintes, configura a
profissionalidade dos professores, ou seja, as qualidades profissionais destes sujeitos (MONTEIRO,
2008).
Entendemos assim, que os discursos presentes nas publicações da ANPEd, as identidades e
profissionalidades de professores, anunciam que, as mesmas se constroem de modo “estável e
provisório, individual e coletivo, subjetivo e objetivo, biográfico e estrutural” (DUBAR, 1997, p. 105).
Nesse caso, o profissional professor se desenvolve e se forma continuamente na relação entre os atos
de atribuição e propostas do currículo da formação e as nas experiências pessoais de cada professor.
Desse modo, mesmo considerando que o currículo enquanto produção cultural produz e
apresenta discursos que orientam o posicionamento de identidades, entendemos que como a identidade
se trata de algo construído nas tramas das relações culturais e sociais, os sujeitos de forma subjetiva
dialogam com o currículo dando outros/novos sentidos à sua posição enquanto professores
(FRANGELLA, 2005, 2007). Portanto, a identidade de professores e sua profissionalidade podem ser
percebidas não como algo inato, mas como processos contínuos de se criar e de se recriar que são